2017: A história da videoarte no Brasil na obra de Anna Bella Geiger 1974/2017 – de 23/11/2017 à 22/12/2017

  • Sobre a exposição/About the Exhibition

    “Em 1975, perguntaram-me a razão do meu interesse em usar o vídeo e respondi que
    me interessa trabalhar com o VT como um rascunho; ou às vezes como imagem que se presta a redundâncias (havia a possibilidade do looping), às vezes como discussão da arte ou do espaço, ou por vezes não me interessa absolutamente usar o VT no meu trabalho.

    De certo modo, continuo a pensar assim, no sentido de que não necessariamente me interessar precisar ou determinar a priori o desdobramento do meu trabalho, comprometida apenas por seus meios técnicos, mas sim em termos da ideia, do conceito, isto sim, fundamental para mim. Não me interessa enfatizar o uso deste ou daquele meio no sentido de uma identidade de caráter técnico-ideológico de minha obra. Acredito que princípios e procedimentos estritos só tem significação artística se inseridos na totalidade das questões da arte. Se não me permito pensar de forma maniqueísta em relação as questões do mundo, menos ainda a aceito em relação ao território da arte. Quero dizer com isso que não pode haver na arte campo para fundamentalismos, pois suas questões devem se incorporar a um campo estético, com leis próprias.

    Também com o uso do vídeo, do super 8, da fotografia, meu trabalho vai pela necessidade de uma ação performática, assumir diversas formas. Isso vai deslocar ainda mais as minhas indagações e incógnitas sobre o campo estético no qual eu possa desenvolver o meu trabalho.

    Compreendo cada vez mais o significado dessas atitudes e intuições. Seria, entre outras coisas, a busca de uma maior possibilidade de indagar sobre um mundo em que as experiências individuais assumem cada vez mais um caráter coletivo. Isso no contexto da época.

    Passei a utilizar no meu trabalho algumas noções, ideias vindas principalmente da Geografia Humana e da Linguística, esta última como parte de minha formação Universitária nos anos 1950. Seus repertórios, de teor ético-político irão influir no campo estético do meu trabalho e irão transformá-lo. Essa profunda necessidade de introduzir noções ainda desconhecidas, isto é, consideradas até então como alheias a arte, e por vezes mimetiza-las propositalmente no meu trabalho, é provavelmente, além dos possíveis sentidos polissêmicos contidos na obra, o de poder dar conta da realidade do momento. Realidade como o campo onde o artista é moldado pelo tempo em que vive e que, como artista, tenta refletir sobre essas contingências. Ao procurar apoio em outros modelos operativos, ao usar imagens eletrônicas não as considerei nem considero apenas como fatores externos à arte, mas sim como fundamentais para poder dar conta desta outra realidade. ]

    Creio que o fundamental para o artista é uma compreensão da arte enquanto ideia e tentar constantemente compreender o porquê do desgaste e da perda de sentido de certas regras ou métodos que o artista considerava anteriormente válido, numa atitude de discussão e revisão inerente ao processo de relação do artista com a sua obra.

    Romper com os seus próprios dogmas que só paralisam o pensamento, exige humildade e certa crença no sentido utópico da arte.

    A única possibilidade da arte é ser experimental, e a única condição do artista é agir experimentalmente.”

    Trecho retirado do depoimento de Anna Bella Geiger no livro MADE IN BRAZIL: Três décadas do vídeo Brasileiro, Arlindo Machado (Org.), 2003

  • Informação(ões) do(s) artista(s)/About the Artist

    Anna Bella Geiger, Rio de Janeiro – Brasil – 1933.

    Ensino
    Ensina e Arte e Filosofia com Fernando Cocchiarale – Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ.
    Professora convidada do Higer Institute for Fine Arts – HISK, Bélgica.

    ANNA BELLA GEIGER – EXPOSIÇÕES SUPER 8, AUDIOVISUAL E VIDEOARTE

    Coletivas
    • RADICAL WOMEN: LATIN AMERICAN ART 1960-1985 – Hammer Museum, Los Angeles (2017)
    • CIRCUITOS CRUZADOS – Centre Pompidou e Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013)
    • VIDÉO VINTAGE – Centre Pompidou (2012)
    • MODERN WOMEN: SINGLE CHANNEL (Anna Bella Geiger, Gina Pane, Joan Jonas, Valle Export) – PS1, The Museum of Modern Art of New York (2011)
    • ART IN BRAZIL 1950-2011 – EUROPÁLIA – BOZÁR, Bruxelas (2011)
    • MUJERES INDOMABLES – VIDEO ARTE WORLD – Fundación Miró, Barcelona (2009)
    • FILM UNDER THE MILITARY REGIME IN BRAZIL IN THE 60’S TO 70’S – South London Gallery (2008)
    • FIRST GENERATION: ARTE Y IMAGEN EN MOVIMIENTO – Centro de Arte Reina Sofía, Madrid (2006)
    • A SUBVERSÃO DOS MEIOS – Itaú Cultural, São Paulo (2003)
    • VIDE O VÍDEO – Anna Bella Geiger : O vídeo e a poética da artista – RIOARTE e Itaú Cultural (2002)
    • CARTOGRAFIAS DEL DESEO – Centro de Arte Reina Sofía, Madrid (2000)
    • THE FIRST GENERATION – PIONEER WOMEN ON LINE – 16 Museus americanos e Fundación Tapiés, Madrid (2000)
    • CIRCA 68 – FundaçãoSerralves, Portugal (1999)
    • VÍDEO ARTE BRASIL – OS PIONEIROS – Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (1994)
    • XIX Bienal Internacional de São Paulo (1989)
    • INFERMENTAL – VI HOURS VIDEOS – Berlin, Vancouver (1987)
    • VIDEO TAPES FROM BRZIL AND CHILE – National Gallery of Canadá(1985)
    • VIDEOART – A HISTORY – The Museum of Modern Art of New York (1983)
    • LATIN AMERICAN WOMEN ARTISTS SERIES – Central Hall Artists,New York (1982)
    • PORTOPIA 81 – INTERNATIONAL VIDEOART FESTIVAL – Kobi, Japão (1981)
    • PRIMEIRO ENCONTRO INTERNACIONAL DE VÍDEO ARTE – Museu da Imagem e do Som, São Paulo (1978)
    • IMAGES ET MESSAGES D’AMERIQUE LATINE – Villeparisi, Paris (1978)
    • OS CONCEITUAIS DO RIO –Milão, Itália (1978)
    • 6TH VÍDEO ENCOUNTER – CAYC (1977)
    • 5TH VÍDEO ENCOUNTER INTERNACIONEEL – CultureelCentrum, Antuérpia (1976)
    • 4TH INTERNATIONAL OPEN ENCOUNTER – CAYC, Buenos Aires (1975)
    • MULTIMEDIA – Richard Bottinelli Gallery, Kassel (1975)
    • MOSTRA EXPERIMENTAL DE FILMES SUPER 8, AUDIOVISUAL E VÍDEO TAPE – Galeria Maison de France, Rio de Janeiro (1975)
    • VÍDEO-ART – Institute of Contemporary Art of Philadelphia, Museum of Contemporary Art of Chicago and Wadsworth Atheneum in Hartford, Connecticut (1975)
    • MOSTRA VÍDEO ARTE BRSIL – PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1975)
    • ARTES PLÁSTICAS EM 24 QUADROS – Cineteatro ICBA, Salvador (1975)
    • EXPO PROJEÇÃO GRIFE – Estúdio Farkas, São Paulo (1973) (refeito pelo Sesc SP)
    Individuais

    • ANNA BELLA GEIGER – GEOGRAFÍA FÍSICA Y HUMANA – Centro Andaluz de Arte Contemporáneo, Sevilla (2016) y La Casa Encendida, Madrid (2017)
    • ANNA BELLA GEIGER OBRAS RECENTES E OUTRAS CONHECIDAS – Galeria MendesWood DM, São Paulo (2016)
    • NEM MAIS NEM MENOS – Galeria Artur Fidalgo, Rio de Janeiro (2012)
    • ANNA BELLA GEIGER – CIRCA 1970 – Henrique Faria Fine Arts, New York (2012)
    • ANNA BELLA GEIGER – CIRCA MMXI – Sesc Flamengo, Nova Iguaçu e Barra Mansa (2011)
    • ANNA BELLA GEIGER – VÍDEOS 1974-2009 – Oi Futuro, Rio de Janeiro (2009)
    • CIRCA (Vídeo instalação) – Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro (2006)
    • CIRCA – PARALELA XXVII Bienal Internacional de São Paulo (2006)
    • ANNA BELLA GEIGER – OBRAS EM ARQUIPÉLAGO – Paço Imperial, Rio de Janeiro e Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2003)
    • RROSE SELAVY, MESMO (Vídeo instalação)– Parque das Ruínas, Rio de Janeiro (2002)
    • RROSE SELAVY, MESMO (Vídeo instalação) – II Biennialof Liverpool (2002)
    • INDIFERENCIADOS (Vídeo instalação)– Paço Imperial, Rio de Janeiro (2001)
    • RROSE SELAVY, MESMO (Vídeo instalação) – Orlândia, Rio de Janeiro (1997)
    • ANNA BELLA GEIGER: CONSTELAÇÕES – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo (1996 e 1997)
    • ANNA BELLA GEIGER – ARBEITEN VON 1975 BIS 1995 – Galerie Bernd Slutzky (1995)
    • MESA, FRISO E VÍDEO MACIOS (Vídeo instalação)– XVI Bienal Internacional de São Paulo (1981)
    • O PÃO NOSSO DE CADA DIA (Vídeo instalação) – XXXIX BiennalediVenecia (1980)
    • O PÃO NOSSO DE CADA DIA (Vídeo instalação) – Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro (1978)
    • PROJECTIONS XXI – The Museum of Modern Art of New York (1978)
    • SITUAÇÕES-LIMITE – Galeria Global, São Paulo (1976)
    • SITUAÇÕES-LIMITE – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1975)
    • PRIMEIRA APRESENTAÇÃO DOS VÍDEOS DA ARTISTA ANNA BELLA GEIGER – Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (1974)
    • CIRCUMAMBULATIO – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1972)

    Prêmios
    GuggenheinFellowship (1981)
    Bolsa VITAE de artes plásticas

    Coleções
    The Museum of Modern Art of New York
    Institute of Contemporary Art, Toronto, Canadá
    Centre Georges Pompidou, Paris
    Getty Collection, Los Angeles
    Fundação Serralves, Porto, Portugal
    Uma Poética Contemporânea do Espaço – RIOARTE, Rio de Janeiro
    Instituto Itaú Cultural, São Paulo