Juliana Gontijo, Tudo precisa nascer, Acrílica e pastel oleoso, grafite, lápis de cor, monotipia com tinta preta e dourada sobre papel, 180 x 150 cm, 2019
R$ 13.400,00
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O TEMPO É IMPLACÁVEL+
Se somos a paisagem qual é o espaço que nos contém?
Foi a partir de entender este espaço que nunca havia pisado, o Recife, que a artista mineira Juliana Gontijo pensou este projeto iniciando-o com uma carta escrita pela artista em Cruzeiro do Sul, Acre, para Paulo Bruscky.
Não interessava à artista, porém, receber uma reposta às suas palavras postais. Interessava o processo, o caminho, assim como o que João Cabral de Melo Neto percorreu do sertão de Pernambuco à foz do Capibaribe. “O Rio” se tornou a cabeceira dessas águas que partem de Minas Gerias, interior do Brasil, rumo ao mar do Nordeste.
Juliana tem desenvolvido uma estratégia artística baseada na incompletude de textos e imagens, enxergando na subversão de signos e símbolos o lugar do mistério. É perceptível o interesse da artista em encontrar novos meios de expressão levando-a a uma produção de caráter eminentemente experimental e multidisciplinar.
É inevitável concluir, portanto, que o seu trabalho dialoga com a obra de Anna Bella Geiger. Se num primeiro momento a produção de Geiger vincula-se ao abstracionismo informal, sua fase visceral, antecipa a utilização da cartografia em sua produção, cujo eixo central é o questionamento da noção de delimitação de territórios culturais baseados em fronteiras geográficas. Por exemplo, a problematização da existência de uma "cultura brasileira" comum a todos os habitantes da nação.
Esta mostra coloca o público diante de um universo pan-óptico de percepções. Sobretudo em relação a posição humana na jornada da vida. O desenho incessante de fronteiras e margens procuram indicar caminhos e demandam decisões a todo tempo: o rompimento é iminente, a catástrofe recorrente e diante disso a sacralidade do espaço expositivo perece, apodrece.
Minas d’água e infiltrações aparecem, brotam do seio da terra em algum lugar, talvez dentro dos próprios olhos, indicando que as fronteiras são sempre claudicantes como o tempo e que toda carta é um mapa.
Estaríamos agora no Brasil, ou algum lugar abaixo da linha do equador? Certo é que existimos além das cartas e estamos atravessando mangues, montanhas, mares, centros, ruas, becos e canais calçados por pedras de nomes estrangeiros.
Há sempre um precipício na decida da Serra e a imensidão diante do canavial maduro.
Estamos diante do rompimento de todas as barragens interiores, em profundo silêncio do ser carvão sendo desenho.
Wagner Nardy
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