DILUTE – Felipe Góes

 

Felipe Góes fala da dissolução da imagem quando se refere às suas paisagens. A princípio, o observador nota que as pinturas de Góes apresentam imagens dissolvidas de paisagens que capturam momentos singulares, assim como na tradicional pintura de paisagem, real ou imaginada. Entretanto, com gestos furtivos, Góes toca o imaginário coletivo e a memória do público, nas paisagens que marcam um evento, uma música, uma paixão, momentos tristes e felizes, a nostalgia da juventude.  Através do deleite e reflexão, a claridade solar, a bruma marinha, nuvens alvas ou ameaçadoras, rios e blocos de cor; o artista fere e acaricia o público.

Pintura 340, Acrílica e guache sobre tela, 42 x 50 cm, 2019

 

Góes não trabalha a partir de fotos, é um aguçado observador de seu entorno natural, o que nos remete à interesses similares dos pintores flamengos de sec. 15, como Jan van Eyck ou Rogier van der Weyden. Entretanto, o artista não se interessa nos pequenos detalhes como os Flamengos, e ao contrário, avança em direção à uma síntese da produção Moderna e Contemporânea, como as radicais composições de Henri Matisse (French Window at Collioure, 1914), os campos de cor de Mark Rothko (dec. 40 – dec. 60), e as poéticas e geometrizadas paisagens de Richard Diebenkorn (Ocean Park series, 1967-1985). Ao invés de planejar cada detalhe de uma pintura, o artista aposta nos pequenos restos de uma lembrança pessoal e na alquimia dos materiais para realizar seu trabalho. Góes produziu os trabalhos dessa exposição, (a terceira do projeto phICA’s 2014-2015 Onloaded) durante sua residência artística em Phoenix, nos quais já se tornam visíveis diferenças de paleta, resposta às experiências que teve em Phoenix (EUA) e em visitas à Sedona/Oak Creek Canyon e ao Grand Canyon.

Pintura 220, Acrílica e guache sobre tela, 70 x 100 cm, 2014

 

Felipe Góes é formado em Arquitetura na prestigiosa Universidade Mackenzie em São Paulo, onde o artista vive atualmente. A rica vida universitária, a vibrante cena artística paulistana, e o convívio com galerias e museus intensificaram seu prévio interesse por arte. No período de 8 anos após a graduação, Góes buscou ativamente cursos livres de pintura e história da arte com notáveis artistas brasileiros, como Paulo Pasta, ao qual os trabalhos de Felipe parecem responder às as ricas superfícies de cor. A exposição e residência artística (31/10 a 19/12/2014) são suas primeiras oportunidades nos Estados Unidos, e ambas se empenham em solidificar e destacar sua trajetória emergente como artista profissional.

Pintura 287, acrílica e guache sobre tela, 140 x 240 cm, 2016

 

Texto de Ted G. Decker