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Sobre a feira
A ArPa nasce como uma feira de arte focada na expansão da comunidade de arte contemporânea nacional e internacional por meio de uma experiência inovadora.
Com potencial de agregar colecionadores de todo o país, a Feira gera novas oportunidades para colecionadores, galeristas, artistas e curadores, possibilitando conexões com o cenário artístico contemporâneo, bem como a formação de novos apreciadores e conhecedores de arte.
A ArPa surge, assim, para conectar o circuito da arte contemporânea brasileira, promover diálogos prolíficos para o desenvolvimento da cena artística e constituir-se como um evento múltiplo e participativo, ocupando um marco da cidade de São Paulo: o Complexo do Pacaembu e a Praça Charles Miller.
Nos dois primeiros anos, a Feira será sediada no Pavilhão Pacaembu, espaço de 4.000 m² construído para abrigar eventos durante os anos nos quais o complexo passa por restauros e modernização. De 2024 em diante, o evento ocupará o centro de convenções, que faz parte da nova edificação. -
Projeto
Corpo-território
Anna Bella Geiger e Juliana GontijoPensar o corpo, humano ou natural, como território é um processo que fala sobre nossa própria identidade. Como corpo-território, individual ou coletivo, podemos nos assemelhar às fronteiras de um país, que são invadidas, violadas, tornam-se pertencentes a outro alguém ou a um sistema que pode oprimir e silenciar crenças ou atitudes. São nas relações de poder e subversão que o corpo da mulher e também o da natureza são territórios de domínio e disputa. O feminismo e o ecofeminismo na contemporaneidade tem se tornado cada vez mais uma ferramenta interdisciplinar de resistência e de exercício do pensamento crítico sobre os tradicionais sistemas sociais. É através desse raciocínio que corpo, território e meio ambiente criam a tríade necessária para a compreensão do diálogo entre as obras de Anna Bela Geiger e Juliana Gontijo no stand da Galeria Murilo Castro durante a 2º edição da ArPA.
Aos 90 anos celebrados em 2023, a carioca Anna Bella Geiger apresenta uma série de obras nas quais discute a corporalidade e nossa concepção difusa de território, sempre mantendo suas espirituosas sátiras. Gravuras, serigrafias, desenhos e colagens compõem a seleção de trabalhos exibidos no espaço, que resgatam a produção da artista do fim dos anos 70 até meados dos 90. Foi justamente neste período que Geiger passa a empregar novos materiais em suas composições e produz formas cartográficas vazadas em metal dentro de caixas de ferro ou gavetas preenchidas por encáustica. Tal peça, também parte das obras aqui expostas, situa-se no limite entre pintura, objeto e gravura, retificando a multiplicidade da artista.
As pinceladas da mineira Juliana Gontijo discutem as fronteiras de corpo e mente a partir de formas naturais, usando o traço/risco como fio condutor que delimita e conduz o espectador nessa narrativa. Entre as pinturas da série exibida no espaço está a obra “A montanha é o umbigo da Terra”, nomeada a partir de uma frase de Geiger, em que a nonagenária discute o despertar simbólico da consciência de um grupo de estudos em meio à natureza. Na tela, Gontijo trabalha a tinta a óleo e pigmento natural de terra da região metropolitana de Belo Horizonte, cidade onde nasceu. Em outra das obras apresentadas, a artista mostra uma sobreposição de mapas de bacias hidrográficas do território brasileiro, trazendo à tona a discussão sobre nascente, foz e percursos, tema também caro ao pensamento de Geiger. Em uma confabulação ecofemininsta, Geiger e Gontijo dançam em um potente discurso sobre a territorialidade de nossos corpos e seu pertencimento na Terra.
Ana Carolina Ralston
curadora -
Imprensa
Não disponível
- Anna Bella Geiger, Gaveta Circa – CentroPeriferia, Gaveta de madeira, chapa de ferro, luz de led, cerâmica e dobradiças, 29 x 31 x 9 cm cada, 2019
- Anna Bella Geiger, Equações Variáveis, Frottage, Grafite e lápis de cor sobre folha de caderno, 23 x 33 cm, 1978
- Anna Bella Geiger, Equações Variáveis, Frottage, Grafite e lápis de cor sobre folha de caderno, 23 x 33 cm, 1978
- Anna Bella Geiger, Equações Variáveis, Frottage, Grafite e lápis de cor sobre folha de caderno, 23 x 33 cm, 1978
- Anna Bella Geiger, Equações Variáveis, Frottage, Grafite e lápis de cor sobre folha de caderno, 23 x 33 cm, 1978
- Anna Bella Geiger, Órgão Ocidental, Edição: 6/25, Gravura em metal, 65,5 x 45,5cm, 1967
- Anna Bella Geiger, Ponto Central, Gravura em metal, 54 x 36,5 cm, 1969
- Anna Bella Geiger, Viscerais, Guache e nanqui, sobre papel, 43 x 24,5 cm, 1967
- Anna Bella Geiger, Europa, Chumbo, fotogravura em metal e serigrafia, 39 x 55,3 cm, 2005
- Anna Bella Geiger, Rolo com Forma, flora e humanos europeus, Chumbo, Fotogravura em metal e Serigrafia, 55,5 x 86,5 cm, 2005
- Anna Bella Geiger, Entre polos aureos, Gravura em metal, 50 x 70 cm, 1992
- Anna Bella Geiger, Na outra margem del rio – Amazonas, Gravura em metal, Edição: 28/30, 50 x 70 cm, 2006
- Anna Bella Geiger, Amazonas o Local, Gravura em metal, Edição: 3/30 42 x 112 cm, 1980
- Juliana Gontijo, A montanha é o umbigo da terra, Acrílica, tinta óleo feita apartir de terra de Minas Gerais, carvão e bastão oleoso sobre tela, 99,5 x 149 cm, 2023
- Juliana Gontijo, Há mar, ha terra, Abya Yala, Acrílica sobre tela,135,5 x 113,5 cm, 2023
- Juliana Gontijo, America do sul, acrilica, pastel oleoso sobre tela, 115 x 150 cm, 2019
- Juliana Gontijo, Amarração, Acrílica, carvão e pastel oleoso sobre tela, 145 x 138, 5 cm, 2021
- Juliana Gontijo, Florestania, Acrílica sobre tela, 145,5 x 110 cm, 2023
- Juliana Gontijo, Umbigo de Banana, Acrílica sobre tela, 115 x 107 cm, 2023
- Juliana Gontijo, Capim Sidreira, Acrílica sobre tela, 98 x 145 cm, 2023
- Juliana Gontijo, Viajante, Acrílica e carvão sobre tela, 83 x 145 cm, 2022
- Juliana Gontijo, Vontade da terra, Óleo sobre tela, 70 x 60 cm, 2022
- Juliana Gontijo, Watu, Acrílica sobre tela, 145 x 114 cm, 2023