Nazareth Pacheco

Nazareth Pacheco é paulistana e uma das artistas representadas pela Galeria Murilo Castro. Desde os 20 anos de idade se dedicou a estudar artes plásticas e, em 1988, aos 27 anos, realizou sua primeira mostra individual na AB.OHM Galeria de Arte em São Paulo. No ano seguinte, recebeu o prêmio aquisição no 11° Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro e, em 1997, ao participar do Panorama de Arte Brasileira no MAM de SP, recebeu o Grande Prêmio Embratel. Desde então, participou de bienais e diversas coletivas no Brasil e exterior e continuou se dedicando ao estudo da arte.

Entre suas obras, estão objetos que adentram o universo da mulher. A artista trabalha peças de joalheria, não tanto na disciplina nem na técnica, mas em seu significado latente. Aborda conceitos como o de valor e desejo, atração e repúdio como paradigma de beleza.

“No falar pelo que não é dito, o silêncio pode ser compreendido como preenchimento, por oposição ao próprio vazio que se apresenta com ele. Vazio, que neste caso significa ausência. O corpo está ausente. Nazareth Pacheco trabalha sobre o corpo ausente, o que pode significar presente pela sua ausência. Através da falta, a artista articula seu discurso sobre a natureza do reconhecimento enquanto jogo entre matéria e imagem. A ausência está diretamente ligada à visão que penetra e recria o espaço a nossa volta através de uma imbricação do Ser e daquilo com o que ou quem ele se relaciona. A distorção do olhar é apontada enquanto experiência perceptiva”, diz Gabriel Dozzi Gutierrez.

Em sua obra mais recente, gotas de sangue estão presentes e ela conta como este inusitado elemento surgiu: “Em 2006, quando construía uma grande cortina com miçangas, cristais e laminas de barbear, embora tomasse o maior cuidado para não me cortar, era inevitável um mínimo corte nas mãos, que imediatamente impediam que eu continuasse trabalhando, pois o sangue iria sujar a minha obra! Foi através da observação destas pequenas gotas se depositando sobre o papel, que resolvi fotografa-las. O resultado me encantou e me desafiou tanto que comecei a desenvolver fotos e objetos, alguns contendo o meu sangue, outros representando estas gotas; que quando caem no chão, ao caminharmos, registram os nossos passos. São objetos extremamente sedutores, que despertam o desejo, nos convidam para aproximarmo-nos, toca-los e acariciá-los; ao mesmo tempo em que nos obrigam ao distanciamento para evitarmos ferimentos”.