Anna Bella Geiger

A Galeria Murilo Castro representa importantes artistas contemporâneos. Entre eles está Anna Bella Geiger, que realizou experiências precursoras em vídeo-arte e, depois de se afirmar como uma das mais destacadas artistas da gravura no Brasil, voltou a pintar e participou de numerosas mostras coletivas.

Segundo o crítico Fernando Cocchiarale, “Anna Bella Geiger está entre os poucos artistas brasileiros surgidos no começo dos anos cinquenta ainda em ação na atualidade. Iniciada há cerca de sessenta anos, a produção de Geiger vem mantendo notável atualidade, posto que, frequentemente, ultrapassa o âmbito de sua dinâmica processual específica, para somar-se à de outros artistas que (notáveis, como ela) contribuíram para as transformações ocorridas na arte do país ao longo desse extenso período (…)”.

“Sua carreira começa marcada pelo abstracionismo informal que, junto ao concretismo, revoluciona, a partir dos dois últimos anos da década de 40, o modernismo temático (a brasilidade de Portinari e Di Cavalcanti, por exemplo) até então em curso. Por volta de 1967, sintonizada com as tendências renovadoras da época, a artista chega à figuração. No entanto ela não compartilha da iconografia urbano-popular comum às tendências neo-figurativas do período. O foco da transição ocorrida em seu trabalho (chamada de fase visceral por Mário Pedrosa) passa pelo mergulho no significado profundo de seu processo criativo − perfeitamente coerente com a expressão subjetiva preconizada pelo informalismo − e não pela objetivação poética de questões sócio-políticas (…)”.

“Ao apropriar-se poeticamente de sistemas cartográficos – concebidos para inscrever e localizar precisamente, por meio de grade formada por meridianos e paralelos, locais singulares (cidades, estados e províncias, países, continentes, territórios), no todo planetário, Anna Bella torna seus, sistemas de ordenação espacial da geografia. A partir destes, ela emancipa-se da subjetividade que havia caracterizado seu trabalho nas décadas de cinquenta e sessenta, sem, contudo, torná-lo, inversamente, objetivo (…)”.

“A partir desse período (década de 70) Anna Bella Geiger já tem assentados os repertórios poéticos e formais que movem sua obra até o presente. Questões tais como as do lugar do artista brasileiro na produção internacional, de sua inserção crítica no âmbito dabrasilidade; da inscrição de sua origem cultural imigrante e de suas tradições no ambiente sociocultural brasileiro, são recorrentes e tornaram-se marca específica da produção da artista.”