2018: Amélia Toledo – Dobras da Memória – de 01/09/2018 à 29/09/2018

  • Sobre a exposição

    A exposição “Dobras da Memória” reúne um conjunto expressivo de obras de Amélia Toledo, a maioria delas integrantes da premiada mostra “Lembrei que Esqueci” realizada no Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo no final de 2017. No texto catálogo da mostra assim referia-me a artista:
    “A definição da personalidade artística de Amélia Toledo coincide com os inquietos anos 1960, a década crucial na suposta passagem da arte moderna para a contemporânea, e por isso se distancia da rigidez de uma arte racionalista e purista. Foi uma época marcada pela euforia da expansão de bens produzidos em serie e das telecomunicações, pelos lábios de Marilyn Monroe e pela geração beat, mas também pelo avanço da neurótica Guerra Fria, que terminou na Guerra do Vietnã. São desses tempos os trabalhos da artista em placas metálicas curvadas que se estruturam no espaço como mobiles de grande vigor e encantamento tecnológico. Esses elementos cinéticos dialogam com as placas metálicas articuladas — Mundo de Espelhos — e também com as Caixas, apresentadas ao publico na Bienal de São Paulo. O esgotamento da crença modernista em seu tom decidido e autoritário se justifica com a nova realidade de um mundo cansado de tantas verdades inconclusas e tantas guerras determinadas pelo capital. Os conflitos raciais nos Estados Unidos, o advento da pílula anticoncepcional — que dava as mulheres o domínio do próprio corpo — e a curiosidade por culturas e valores de vários quadrantes do mundo, em especial os do Oriente, possibilitaram o surgimento de uma realidade artística e cultural mais próxima ao cotidiano das pessoas da época. Nesse momento, Amélia Toledo irradiou-se no cenário artístico brasileiro como a grande dama da contracultura no Brasil.”
    “Para o artista verdadeiro, o mundo é um território repleto de inquietude e desafios. O tempo é amigo e parceiro, e ele se joga em experiências de vida com as armas da ciência, da pesquisa e da paixão. A arte de Amélia Toledo surge, portanto, em um laboratório artístico singular, recheado de substancias diversificadas, que articulam diferentes aspectos da matéria: não apenas os líquidos, mas também os sólidos, os maleáveis e rígidos, os transparentes e opacos, os geométricos e orgânicos, os tonais e cromáticos, os naturais e industriais. Nesse sentido, conectam-se as pesquisas de certos artistas minimalistas/pôs-minimalistas, como Robert Morris e suas obras de feltro e Eva Hesse e Richard Serra, da land art, alem de caminhar proximamente as investigações sensoriais e/ou materiais de Hélio Oiticica e dos cinéticos sul-americanos. No Brasil, sua obra reflete e dialoga com suas geniais companheiras de gênero e geração, como Lygia Pape, Lygia Clark, Mira Schendel, Anna Bella Geiger e Anna Maria Maiolino, para as quais a arte sempre foi instrumento de experimentação e coragem.” “Em tempos cínicos ou apocalípticos, as obras de Amélia Toledo constituem uma arte esperançosa e otimista. Mas, no lugar de afirmar uma crença irrestrita no sistema da arte tradicional, seus trabalhos buscam fluir organicamente sobre o terreno acidentado e movediço da arte contemporânea em sua essência multicultural e libertadora, recolhendo não apenas verdades solidas, mas valiosas incertezas. E é no caráter poroso de suas peles pictóricas, na ambiguidade e nos sutis movimentos liquefeitos de seus objetos que Amélia Toledo procura curvar a racionalidade excludente e rígida, para criar uma arte afetiva, transformadora, baseada na pesquisa, na poesia e na certeza de que somente através da inovação e da criatividade o ser humano supera os limites e a miserabilidade da existência.”

    Marcus de Lontra Costa

  • Informação(ões) do(s) artista(s)

    As obras de Amélia Toledo exploram os sentidos e buscam verdades inusitadas a partir do contato sensível e inteligente que elas provocam. Há em cada um de nós a permanente curiosidade pela essência das coisas. É preciso libertar-se das correntes, é preciso transpor, como nos ensina Platão, os limites da caverna, é preciso entender as várias aparências e as diversas realidades do mundo construído pelas imagens. – Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso.

  • Imprensa

    Não disponível